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A alegria na vida de casal

A alegria na vida de casal

Esses dias fui a um casamento, devido a pandemia há tempos não ia. Ao chegar senti aquela atmosfera bem própria de casamentos. Uma atmosfera que exalava alegria. Tudo pronto, organizado. Flores para todo lado – na vida nem tudo são flores, mas num casamento são. Tudo muito bonito, todos bem vestidos. O noivo vestido a caráter, com um sorriso de ponta a ponta no rosto a espera da entrada de sua amada.

Eis que o sino toca, soam as trombetas sugerindo que chegou o grande momento. Vem a marcha nupcial, abrem-se as portas da Igreja e, então, linda e deslumbrante, ela surge num branco ofuscante de um vestido como o das princesas dos contos de fadas. Com uma beleza ímpar guardada castamente por um véu a encobrir-lhe o rosto e a alongar-se por vezes quase que pela extensão total da nave central da Igreja.

Assim começa ordinariamente uma cerimônia de casamento cristão. E, sempre que possível, convém que seja mesmo assim, repleto de graça e beleza para expressar plasticamente a enorme alegria que aquele momento representa na vida dos nubentes, parentes e amigos. A alegria deve ser a tônica de um matrimônio e de uma família. A alegria é como que o tempero da vida terrena e solo fértil para a vivência de todas as virtudes humanas. Não existe santo triste.

Todavia quem já tem alguns anos de casado sabe que aquela alegria da celebração do matrimônio é algo natural, espontâneo. Bem como tantas outras ao longo da vida em família, como a chegada de um filho esperado e desejado, a formatura de um filho, a noite de núpcias, os momentos festivos em geral.

Ocorre que em vários momentos ao longo da vida matrimonial, na maior parte do tempo, não estamos em festa. Enfrentamos revezes financeiros ou profissionais, enfermidades, perdas de entes queridos, além do próprio envelhecimento do corpo. Também com o convívio diário nos deparamos com hábitos, traços de personalidade, herança cultural, temperamentos, oscilações de humor, ou mesmo enfermidades psicológicas que podem somados chegar a tornar o mero convívio algo humanamente insuportável. Isso tudo sem falar nos possíveis e não incomuns atritos, desencontros com parentes do outro cônjuge. Obviamente que todo esse maremoto no oceano da vida em família impacta na alegria natural, que acaba. Não há como compaginar uma alegria natural com tantos problemas. Vem então a frustração e toda uma espiral negativa na vida de cada um dos cônjuges. Frustração essa que tem raízes no egoísmo e no pecado e que levará naturalmente a um divórcio como única solução possível para se voltar a sorrir, ou ao menos para parar de chorar, de sofrer.

De outro lado Deus nos diz que devemos permanecer nos amando até que a morte nos separe. E além disso pergunto: quem não gostaria de viver feliz, alegre em seu matrimônio por toda a vida? Deus quer que sejamos alegres no matrimônio, sempre, não só por alguns momentos. Mas com tantos problemas, como adquirir essa alegria perene? Qual o segredo dessa alegria?

O segredo está no vinho, não em tomarmos uma taça de vinho com o cônjuge com frequência, ainda que isso também seja bom. Mas assim como ocorreu no casamento em Caná (Jo 2, 1-11 ) na Galileia, chega um momento em que o vinho natural acaba. Em nosso matrimônio há momentos em que a alegria natural acaba, em que não temos ou não percebemos motivos humanos para estarmos alegres em nosso matrimônio. Nesses momentos temos que recorrer ao vinho sobrenatural, a uma alegria que vem de Deus, fruto da graça santificante própria do sacramento do matrimônio. Essa alegria, assim como o vinho fruto do milagre em Caná, é muito melhor e não acaba. Para isso, nem precisamos pedir a nossa mãe Maria. Percebam que o carinho dela pelo matrimônio é tamanho que ela está sempre atenta e fala, sem que ninguém lha peça, a seu filho Jesus: “Eles não tem mais vinho”. Acabou a alegria. E ela nos diz, a nós cônjuges, “fazei tudo o que Ele vos disser.” Basta que queiramos de volta a alegria, que nos empenhemos, fazendo, obedecendo a Jesus, enchendo as talhas de água. Isto é, pondo os nossos meios humanos, cientes de que nós, por nós mesmos, não conseguimos. Só assim o milagre acontece e temos o vinho sobrenatural, a alegria sobrenatural que é muito diferente da alegria natural, frutos de circunstâncias que nos sorriem.

Essa alegria sobrenatural é possível no matrimônio, mas que isso, Deus quer nos dá essa alegria, pelas mãos de Maria. Esse é seu primeiro milagre, dado tamanho amor que Jesus tem pela família. Não importa em que situação esteja seu matrimônio. Não importa se seu vinho acabou há muito ou pouco tempo. Ele quer te dar o vinho novo, trazer de volta a alegria, uma alegria sobrenatural. Você acredita Nele? Voce obedecerá a ordem da mãe Maria e fará tudo o que Ele disser para ter o vinho novo, a alegria sobrenatural? Se sim, o milagre já começou a acontecer na sua vida.

Brasilia, 03/05/2022

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